O silencio é a nota profunda do teu estado original. É a voz
da eternidade debruçada sobre o tempo – um doce murmúrio que o infinito sussurra
em teu ouvido.
O Silêncio é a expressão da Paz Profunda, que te define como
entidade cósmica, como prolongamento divino da única vida existente. Cultivar o
Silêncio é procurar, em ti, o rosto virginal e imaculado do Espírito que habita
os teus corpos, essa expressão de fogo que és tu, verdadeiramente.
No Silêncio está o centro do poder que une todos os planos;
um estado de quietude infinita onde apenas a harmonia pode existir. Ali, nesse
templo vivo em que transformas quando se instala o Silêncio, nada mais
permanece senão a realidade cósmica que está acima do mundo, das civilizações,
dos sistemas estelares e do próprio universo manifesto.
O Silêncio é a antecâmara do divino em ti, a verdade para
além de todas as ilusões. Estar em Silêncio, no entanto é muito mais que a
ausência de palavras; é um estado de ser, e que se manifesta em cada
pensamento, em cada palavras, em cada gesto, em cada atitude e em cada momento
de tua existência temporal. Que possas compreender, pois, que a palavra
objetiva, ou a ausência desta, nada tem a ver com o Silêncio.
Tu podes falar e, ao mesmo tempo, estar em Silêncio, e isso
assim é, sempre que tuas palavras não perturbarem a harmonia, na música sem
som, resultado da sonoridade límpida da alma, reflexo do estado de plena
quietude interior, com que são emitidas. Falar em Silêncio é, sem dúvida, uma
das maiores dádivas que podes ofertar à humanidade e ao planeta, tal é o ruído,
interno e externo, produzido por esta civilização.
Contudo, Peregrino da Eternidade, esse Silêncio não deve se
manifestar apenas, na objetividade das palavras, ou na ausência destas, mas também,
e principalmente, na qualidade e pureza de teus pensamentos, na doçura e
serenidade de teus gestos e atitudes, e na tolerância, bondade e impessoalidade
de tuas ações, revestindo tudo o que pensas, dizes e fazes com a luz resultante
da síntese de todos os raios.
Estar em Silêncio é, por isso mesmo estar em sintonia
profunda com o âmago de teu ser. É emitir, para o teu exterior, um acorde,
luminoso, puro e cristalino, onde nenhuma aresta se encontra presente. Um ser
em Silêncio é, deste modo, um templo vivo, a expressão da face divina que se
revela na matéria em ascensão.
Cultiva o Silêncio – este é o primeiro passo para revelação,
na substância tridimensional, do fogo cósmico do espírito. Ele é, em
definitivo, a voz da paz do universo.